quarta-feira, 22 de julho de 2009

Cegueira e cobaias no Hospital Santa Maria

As infecções oculares registadas após a injecção de Avestin, em 6 doentes, no Hospital Santa Maria em Lisboa, que estão em risco de ficar cegas, aconteceu porque este não era o medicamento mais adequado. Isso só foi possível, porque como veremos, existem interesses económicos por trás desse caso...









Um tratamento mais que controverso...





A empresa de biotecnologia Genentech desenvolveu uma molécula que seria capaz de atrasar o desenvolvimento do cancro do cólon.



Como em muitos cancros, a vascularização "excessiva" que se forma nutre o cancro e ajuda-o a desenvolver-se. Se uma substância atrasa essa vascularização, o cancro "morre por falte de alimento".

Essa molécula, o bevacizumab, foi vendida aos laboratórios Roche por 43,7 mil milhões de Dólares, e comercializada com o nome de Avastin.
Alguns oftalmologistas americanos repararam que esta podia também ser útil na Degenerescência Macular Relacionada com a Idade, em que existe uma proliferação vascular.
No entanto, verdade seja dita, a Roche nunca o preconizou, para uso oftalmológico.
A genentech desenvolveu uma molécula mais pequena, derivada da primeira, o ranibizumab, com nome comercial de Lucentis que foi vendida a Novartis. Esta teria efeitos benéficos óculares nessa doença.
Até então para este tipo de patologia, apenas existia a Fotocoagulação com resultados limitados a 10 a 20% dos doentes tratados. Veio depois a Terapêutica Fotodinâmica com Vertoporfina (Visudyne da Novartis) com práticamente os mesmos resultados.
Só com o aparecimento de novas moléculas, que conseguiam travar a formação de novos vasos, se registaram progressos significativos. Além das duas moléculas referidas, existe ainda o Macugen (pegaptanib, da Pfizer, 630 Euros a dose).

Avastin, um medicamento com problemas.

O Avastin, já tinha revelado problemas de inflamação ocular em 36 doentes no Canada dos quais 32 graves. O Avestin nunca teve as autorizações legais para ser indicado em uso oftalmológico, ainda para mais, existindo uma alternativa.
De referir, que o próprio Avestin, nos vários estudos desponíveis, apenas prolonga a vida dos doente com cancro do colon de alguns meses, senão semanas, e tem 33% de risco de aumento de trombo-embolismo venoso nesses doentes!
Mas que importa, a medicação anti-cancerigena é um sector da indústria farmacêutica bastante rentável.

A razão...financeira.












O principal problema aqui, é que a utilização do Avastin, apesar dos efeitos secundários já conhecidos, é muitissimo mais barato que o Lucentis.

Uma dose, que deverá ser repetida cada 4 a6 semanas, de Avastin custa apenas 30 Euros, enquanto que a de Lucentis 1 200 Euros!

Com o custo de um para 40, os doentes bem podem servir de cobaias.
Todavia, com 6 casos de efeitos secundários no mesmo dia, com a mesma equipa médica, no mesmo bloco e com a mesma ampola de Avastin, algo se terá passado de inhabitual.
Quanto aos laboratórios farmacêuticos, não se preocupem, a Roche não estudou, nem se preocupou em estudar, o uso ócular do Avestin, pela simples razão que este não é um concurrente directo do Lucentis. Com efeito a Genentech é uma filial da Roche, da qual a Novartis detem parte do capital!








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