sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Wikileaks e Assange (2ª parte)

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Segunda parte do excelente artigo de Daniel Estulin, sobre o fundador de Wikileaks, Julian Assange, que parece ser uma personagem saída de um filme de espionagem com revelações que ajudam os futuros planos estratégicos dos Estados Unidos.



Tradução: Octopus)



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Tudo o que foi deixado para trás.


Foi então que Assange, hacker confessado, decidiu criar a sua criatura mais endiabrada: Wikileaks. Após a divulgação do vídeo dramático, em que as forças armadas dos Estados Unidos disparam a partir de um helicóptero sobre jornalistas desarmados no Iraque, Wikileaks adquiriu uma notoriedade e uma credibilidade mundial sendo considerado um site que fornece ao público material super sensível.


As revelações mais recentes foram as alegadas fugas de centenas de milhares de páginas de material supostamente sensível, proveniente de fontes americanas, dos Talibãs no Afeganistão e as suas ligações com os membros dos serviços secretos paquistaneses. Isto para já não falar de uma grande quantidade de telegramas diplomáticos de funcionários americanos nos quais são reveladas "fofoquices geopolíticas", algumas das quais relevantes, mais outras meramente divertidas.


Estas provas, no entanto, mostram que longe de ter uma informação privilegiada, Wikileaks faz parte de um programa dos Estados Unidos e actua simultaneamente como uma cobertura para esconder o papel do governo americano no negócio da droga no Afeganistão.


Quem é Julian Assange?

Com centenas de milhares de páginas escritas sobre ele, Julian Assange tornou-se de repente na luz da verdade à custa do seu espectacular golpe mediático. As fugas de Wikileaks colocaram em xeque quase todos os países do mundo.
Desde de que foram tornados públicos os documentos provenientes do Afeganistão, que a Casa Branca deu ainda maior credibilidade aos documentos legitimando a Wikileaks e dizendo que novas fugas poderiam por em causa a segurança interna dos Estados Unidos. Hillary Clinton, a partir do seu mundo paralelo de fumes e espelhos, chegou até a afirmar que estas fugas eram um atentado contra a comunidade internacional.


No entanto, os documentos revelam pouco de verdadeiramente sensível. Uma das pessoas que mais se destacam destas fugas de informação do Wikileaks é Hamid Gul. General reformado e ex-director dos Serviços da Inteligência do Paquistão (o ISI), foi o homem que durante a década de 1980 coordenou a guerra dos mujaidin, financiada pela CIA no Afeganistão, contra o regime soviético. de acordo com os documentos tornados públicos, Gul este é acusado de colaborar com a Al-Qaida e os Talibãs, organizando e levando a cabo atentados contra as tropas da NATO no Afeganistão.

Poderia ter sido revelado muito mais nesta informação, ela esconde mais do que revela. Wikileaks diz alguma coisa sobre Bin Laden? Nem uma palavra. O que não deixa de ser curioso, dado que o governo americano possui milhões de paginas de material a este respeito. Estará vivo? Todos os serviços de espionagem do mundo sabem que morreu em dezembro de 2001.


A acusação de Gul, como o elo de ligação chave com os Talibãs, faz parte de um projecto mais amplo por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido. Os seus recentes esforços para satanizar o actual regime do Paquistão faz parte da chave para resolver os problemas do Afeganistão. Esta demonização reforça consideravelmente a posição do último aliado militar dos Estados Unidos na Ásia: a Índia. Por outro lado, o Paquistão é o único país muçulmano que possui armas nucleares e as forças de defesa israelitas e a Mossad gostariam muito de poder eliminar essas armas nucleares paquistanesas. Uma campanha de desinformação contra o polémico ex-general Gul através do Wikileaks poderá fazer parte dessa estratégia geopolítica.

Estranhamente, Israel sai ilesa dos danos colaterais de Wikileaks. Não se fica a saber nada sobre os assassinatos selectivos realizados pelo governo israelita, nem do uso de míni bombas nucleares para criar um inimigo invisível, como o atentado de Bali em 2002 perpetrado pela Mossad e que matou mais de 5000 pessoas, segundo dados dos serviços secretos militares da Tailândia, nem tão pouco existe qualquer palavra sobre a infiltração de agentes da Mossad nas agências de espionagem americanas.

O nome de Gul aparece em 10 de 180 arquivos classificados americanos que alegam que este, sendo agente secreto do Paquistão apoio militantes afegãs para lutar contra as forças da NATO. Gul disse ao Financial Times que os Estados Unidos tinham perdido a guerra no Afeganistão e que a fuga de certos documentos ajudaria a administração Obama a desvia as culpas sugerindo que o Paquistão era o responsável dessa derrota.


O pior, é que do ponto de vista do "Império", foi Gul ter tido a ousadia de trazer à luz do dia a roupa sujos do exército americano e revelar o papel desse exército na venda de heroína afegã através da base secreta de Manas no Quirguistão. Quase um milhão de páginas de Wihileaks e nem uma sobre a droga. O exército americano está no centro da ajuda aos senhores da guerra afegãos transportando o ópio e a heroína. Além disso, a CIA e o Pentágono estão envolvidos numa guerra em que cada um acusa o outro de se apropriar do dinheiro do tráfico de droga no Afeganistão. E nem uma palavra sobre o assunto no Wikileaks.

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