quarta-feira, 13 de abril de 2011

A manipulação dos mercados pelas agências de rating





No nosso sistema capitalista ultrafinanceiro, nunca se falou tanto das agências de "rating" como agora.

AA-, CCC, B+, perdidos no meio das notações, aceitamos como normal que um pequeno grupo de empresas privadas regule a economia mundial.

Como se formaram? Qual a sua credibilidade? Como se financiam? Qual o seu real poder? Quem as manipula? Quem beneficia da sua existência?




O que são as agências de rating?


O papel principal de uma agência de notação financeira (agência de rating) é de fazer a avaliação do risco daquele que faz a emissão de uma dívida financeira em não cumprir os seus compromissos, seja ele um estado ou uma empresa.
Essas agências atribuem notas, sendo que o sistema de notação varia de agência para agência, mas em todas vão de AAA (a melhor nota) até D (a pior nota). 


Tabela de notação das três grandes agências de notação:




 
Um pouco de história...


Muita gente acha que as agências de rating são um fenómeno recente, quando na realidade as primeiras agências de notação apareceram ainda no século XIX. Nos Estados Unidos, as grandes companhias de caminho-de-ferro necessitavam urgentemente de financiamento e em 1860, Henry Varnum Poor teve a ideia de classificar essas empresas para informar e facilitar a escolha aos credores.
No século seguinte, em 1941, nasceu a agência Standard & Poor e em 1909 já tinha nascido a Moody's, e só nos anos 2000 a Fitch.





Falta de concorrência.


Apesar de existirem 64 agências de notação financeira em todo o mundo, as três agências anteriormente citadas concentram 90% do mercado. Esta concentração resulta principalmente da necessidade de adquirirem uma boa reputação, o que só pode ser feito ao longo do tempo graças a uma forte experiência.
A avaliação financeira das obrigações mundiais está assim dependente da Moody's, da Fitch e da Standard & Poor's, e portanto dos mercados americanos.



Falta de independência.


Inicialmente, as agências de notação eram financiadas pelos jornalistas financeiros, mas actualmente, são financiadas directamente pelos estados ou empresas que recorrem aos seus serviços. Esse valor pode ir de 50 000 a 150 000 euros para um serviço de algumas semanas ou meses.


Estas agências são portanto empresas privadas e todas sediadas nos Estados Unidos.

Nestas condições, como garantir a independência quando a remuneração dessas agência provem dos honorários dos clientes que são notados?



Falta de transparência.


Estas agências não detalham os mecanismos e critérios com os quais atribuem as suas notas.
Esta falta de transparência impede o seu controle por qualquer entidade exterior, seja ela pública ou privada.



Como romper com uma agência de notação?


Apesar dos contratos com estas agências ser um acto voluntário, ele é no entanto fundamental hoje em dia para ter credibilidade no mercado. Não é fácil, para um estado ou empresa, romper esse contrato e eventualmente mudar de agência, dado que uma das sanções poderá ser a diminuição da nota por parte dessa agência.



Soluções?



Entretanto, as três agências financeiras americanas continuam a afundar o euro
Para resolver todos os problemas anteriormente referidos, poderiam ser criadas agências de notação estatais, pagas pelos impostos e não pelos clientes privados. Todavia, criar por exemplo uma agência de notação europeia, também coloca alguns problemas.


O primeiro, é saber como seriam nomeados os responsáveis por essa agência? Pela comissão Europeia? Pelos Estados membro da União Europeia? Será que essas nomeações seriam garantes de independência?

Além disso, as notas de uma agência europeia poderiam não ser credíveis, dadas as pressões exercidas pelos estados para verem as suas notas serem notadas arterialmente altas.

 


 
http://politique-blog.over-blog.fr/article-le-scandale-des-agences-de-notation-49450484-comments.html
http://www.creg.ac-versailles.fr/spip.php?article389
http://lexpansion.lexpress.fr/economie/l-agence-de-notation-europeenne-une-fausse-bonne-idee_231483.html

 

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