sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Porque é que os USA não ganham, nem estão interessados em ganhar, a guerra contra o Estado Islâmico?

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Existem três razões para que os Estados Unidos não "consigam" vencer o chamado Estado Islâmico: razões de geo-estratégia regional, a razão de petróleo e a razão da industria militar.


Mais de 16 000 ataques militares, entre agosto de 2014 e janeiro de 2015 com aviões f-15 e f-16, o topo do poder militar americano, e mesmo assim não conseguem eliminar um grupo de terroristas inicialmente mal preparados.




Actualmente, os Estados Unidos armam o Estado Islâmico através da fronteira turca. Figem combater esse grupo terrorista, mas fornece-lhe as armas. Porquê?



Razões geo-estratégicas e de petróleo.


O Médio Oriente tornou-se uma região fundamental para os Estados Unidos, na sua guerra contra a Rússia e a China. Simultaneamente os Estados Unidos tornaram-se no principal produtor de petróleo, sobretudo através da produção de petróleo através do xisto, conseguindo fazer quebrar o seu preço nos mercados mundiais.


Esse facto faz com que países como Angola ou Rússia sejam, neste momento os principais prejudicados, sendo que a Arábia Saudita está em Standby.


A economia americana já não está tão dependente dos países produtores de petróleo e pode desenvolver a sua actuação estratégica com mais liberdade.



Razões militares.
 

Como explicar que os Estados Unidos não tenham sido capaz de erradicar os grupos do Estado Islâmico quando estes apenas possuíam armas rudimentares?


Simplesmente porque desde o início o objectivo não era destruir o Estado Islâmico, mas sim destruir as infrastructuras do Iraque e da Síria, para não só manter as suas posições no Médio Oriente, como também poder lucrar nos negócios americanos de reconstrução com os países varridos por guerras.


Como explicar que uma coluna de centenas de carros Toyota do Estado Islâmico entrem no Iraque após 200 km em pleno deserto sem que os Estados unidos tenham intervido?








O objectivo não é eliminar o Estado Islâmico, o objectivo é manter esse chamado Estado como um meio de medo no ocidente e sua necessidade de o combater.


Os Estados Unidos necessitam manter o medo para impor os seus conceitos de sociedade e fazer funcionar a sua economia.


As empresas de armamento americanas necessitam de guerra para fazer funcionar os seus negócios. Lockheed Martin: acções subiram 9,3% nos últimos três meses, no mesmo período, Raytheon (em grande parte detida pelos israelitas) aumentou 4%, o mesmo para Northorp Grumman e General Dinamics.





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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Portugal: o clube secretos dos poderosos

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COMO SURGIU A CRISE EM QUE ESTAMOS MERGULHADOS?

QUEM É QUE REALMENTE DIRIGE A NOSSA POLÍTICA E INSTITUIÇÕES?

QUEM SÃO OS VERDADEIROS DONOS DO MUNDO?

QUEM SÃO OS PORTUGUESES QUE PERTENCEM OU PASSARAM POR BILDERBERG?



Há 61 anos que Bilderberg, o clube mais restrito e poderoso do mundo, se reúne. A um grupo limitado de membros efetivos, do qual faz parte o português Francisco Pinto Balsemão, junta-se todos os anos um rol de convidados dos quatro cantos do mundo.


Mas o que é afinal o Clube de Bilderberg? Como atua? Porque surgiu? Quais os seus planos? Que ideologia defende? Quem são os seus membros? Que relações existem entre esta organização e os grandes acontecimentos políticos, económicos e sociais à escala mundial?


Cristina Martín Jiménez, jornalista espanhola e especialista neste tema, responde a estas e a muitas outras questões num livro polémico onde se estabelecem relações entre Bilderberg e a atual crise económica que a Europa atravessa, mas também entre os apadrinhados por este clube de elite e a subida ao poder nos mais variados países.




https://www.youtube.com/embed/Jy3OLp3z_-k?version=3&rel=1&fs=1&showsearch=0&showinfo=1&iv_load_policy=1&wmode=transparent




Nota: irei regularmente sugerir e criticar livros pouco divulgados de "Leituras Alternativas" no blogue:

http://alternoteca.blogspot.pt/





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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Um mundo unipolar

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Uma importante questão actual é: que mundo queremos nos próximos anos? Um mundo unipolar (dominado pelos Estados Unidos) ou um mundo multipolar.




O PIB actual dos Estados Unidos é equivalente ao da União Europeia, seguindo-se, com metade destes, o da China. Deste ponte de vista, poderá pensar-se que os USA já não são, economicamente a única potência dominante e no entanto conseguem dominar um mundo unipolar.


O gigantesco investimento militar americano, também não explica cabalmente o seu domínio, apesar das suas bases espalhadas por todo o mundo e numerosas intervenções militares. Nunca vão conseguir actuar em todas as frentes, não conseguem bombardear o mundo inteiro!


Então o que faz que os Estados Unidos sejam neste momento a potência dominante mundial? 




O dólar é uma das chaves desse domínio.


Os Estados Unidos criam dólares permanentemente, inundando os mercados internacionais que os aceitam como referência cambial, em particular como associação ao petróleo, os petrodolares.


Com esses dólares conseguem instigar revoluções "coloridas", colocar fantoches no poder, subornar economias. As reservas em dólares dos vários países não valem nada, mas continuam como referência. Pouco a pouco a Rússia ou a China estão a compreender esse facto e a tentar transaccionar as suas trocas económicas noutras moedas.



Um outro factor da hegemonia dos Estados Unidos é o domínio completo dos media a nível mundial  


Conseguem assim controlar a informação e manipular a opinião pública mundial inibindo outras alternativas.


A "American Way of Life" é exportada pelos media em todo o mundo, ao ponto de civilizações inteiras se renderem ao consumismo americano, impulsionando a economia consumista americana.


A quase totalidade das informações circulam através de computadores americanos (Microsoft ou Apple) e as redes socias são controladas pela CIA (Facebook ou Gmail).



Neste momento é o dólar falido e o domínio da informação mundial que faz com que estejamos perante um mundo unipolar. Só rompendo com estes dois factos é que o mundo se poderá tornar multipolar, mais justo e saudável.






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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Ucrânia: a última fronteira americana

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Os Estados Unidos querem fazer avançar a NATO até à fronteira ocidental da Rússia. Querem fazer uma espécie de ponte terrestre com a Ásia para cercarem a Rússia. Querem controlar os gasodutos da Rússia.




O objectivo final é controlar a Rússia, enfraquecê-la, promover uma queda do poder e desfragmenta-la para a poder controlar. Por isso não podem deixar de pressionar a Rússia, sendo que uma solução pacífica não estará à vista.


O que está em causa é a supremacia americana, apesar do seu dólar, que já não vale nada, está a ser posto de parte pelos países emergentes. A Rússia é portanto um alvo a abater, assim como a China, esta mais difícil de roer.


Por estas razões os combates na Ucrânia vão continuar a intensificar-se. O objectivo é intensificar o conflito. Não esquecer que Washington necessita permanentemente de conflitos armados para fazer funcionar o seu budget militar.


A Rússia está encurralada, nunca irá desencadear, por exemplo uma guerra nuclear para defender uma parte de um território periférico, irá então, pouco a pouco, com a ajuda da opinião pública mundial envolver-se numa guerra territorial desgastante.


A Arábia Saudita, maior produtor mundial de petróleo, conseguiu baixar o preço do petróleo para valores insustentáveis a longo prazo, o que prejudicou a economia russa, para além da sanções económicas contra a Rússia decretadas por parte do ocidente.


A baixa repentina do preço do petróleo nada teve a ver com pressões deflacionistas ou baixa da procura, mas sim com a "inundação" do mercado de petróleo por parte da Arábia Saudita sob domínio americano.


A China e a Rússia estavam a construir um mercado "paralelo" ao dólar, quando o rublo (moeda russa) foi alvo em bolsa de "venda a descoberto" e a sua queda.


Os Estados Unidos estão em guerra contra um mundo multipolar, em que países como a Rússia ou a China fariam parte de uma concorrência e seriam uma ameaça para a sua hegemonia.







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sábado, 7 de fevereiro de 2015

6 Grandes Ilusoes do Sistema

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As seis Grandes Ilusões que nos mantêm Escravizados/Subjugados à Matrix


 
"Na prisão, as ilusões podem oferecer conforto." - Nelson Mandela



 
Para que um mágico possa enganar o seu público, os seus truques devem passar despercebidos, e, para isso ele cria uma ilusão para impedir a atenção na realidade. Enquanto o público está em transe, o acto enganoso é cometido, e para os tolos, a realidade torna-se então, inexplicavelmente, construída em cima de uma mentira. Isto é, até que o os tolos acordem e reconheçam a verdade no facto que foram enganados.

 
Manter a suspensão de incredulidade na ilusão é no entanto muitas vezes mais reconfortante do que reconhecer os segredos do mágico.



 
Vivemos num mundo de ilusão. Assim, muitas das preocupações que ocupam a mente e as tarefas que preenchem o calendário surgem de impulsos plantados para nos tornarmos alguém ou algo que não somos. Isto não é acidente ou por acaso.


À medida que somos doutrinados para esta cultura autoritária-corporativa-consumista que hoje domina a raça humana, somos treinados que certos aspectos da nossa sociedade são verdades intocáveis, e que formas particulares de ser e de agir são as preferidas.

 
Psicopatas enfraquecem e desautorizam as pessoas desta forma. Eles nos cegam com incessantes barragens de sugestões e absolutismos que visam abalar a nossa auto-confiança e a confiança no futuro.

 
Bansky, o revolucionário reverenciado e evasivo artista de rua uma vez comentou assim:
"Pessoas estão gozando de nos todos os dias. Intrometem-se na nossa vida, nos denigrem e em seguida, desaparecem. Nos olham lascivamente de altos edifícios e nos fazem sentir diminuídos. Fazem comentários irreverentes até em autocarros, insinuando que não somos suficientemente atractivos e que toda a diversão está acontecendo noutro lugar. Também estão presentes na TV fazendo a namorada  ou familiares se sentirem inadequados. Têm acesso a mais sofisticada tecnologia que o mundo já viu e nos intimidam com isso. Eles estão no controle, são os locutores e estão rindo de nos. "- Banksy

 
A publicidade é apenas a ponta do iceberg. Quando olhamos mais longe vemos que a organização geral da vida é centrada em torno da busca de ilusões e obediência automática às instituições e ideias que não são de todo o que parecem. Estamos, a bem da verdade e num sentido muito realista, escravizados.


Muitos chamam esse sentimento um tanto intangível de opressão 'Matrix', um sistema de controlo total que invade a mente, a programação de indivíduos moldando-se eles mesmos de acordo com uma versão conformista da realidade, não importa quão perversa possa ela ser.

 
As mais grandiosas ilusões que nos mantêm escravizados à Matrix, as que têm muitos de nós ainda em transe, estão sumariamente descritas abaixo para consideração do leitor.





 
 
1. A Ilusão da Lei, Ordem e Autoridade
 
Para muitos de nós, cumprir a lei é considerado uma obrigação moral, e muitos de nós fazemos isso com prazer, embora a corrupção, escândalo, e maldade mostrem repetidamente que a lei é bastante flexível para aqueles que têm músculo para dobrá-la. A brutalidade policial e crimes cometidos pela polícia é galopante nos EUA, assim como noutros países e os tribunais favorecem os ricos; não podemos até levar mais a nossa vida privada graças à intrusão de vigilância do Estado. E ao mesmo tempo a guerra Orwelliana permanente, ilegal e imoral grassa nos bastidores da vida, assassinando e destruindo nações inteiras e culturas.

 
A ordem social não é o que parece, pois é inteiramente baseada em conformidade, obediência e aquiescência que são impostas pelo medo da violência. A história nos ensina que a lei é igualmente e muitas vezes usada como um instrumento de opressão, controle social e pilhagem, e qualquer proclamado vestigio de autoridade a este respeito é uma autoridade falsa, hipócrita e injusta.

 
Quando a própria lei não segue a lei, não há lei, não há ordem, e não há justiça. A pompa e aparato de autoridade são meramente uma ocultação da verdade de que a actual ordem mundial é baseada no controlo, e não no consentimento.






 
2. A ilusão de Prosperidade e Felicidade
 
Adornando-nos com roupas e bugigangas caras e acúmulo de bens materiais que seriam a inveja de qualquer monarca do século 19 tornou-se um substituto para a prosperidade genuína. Manter a ilusão de prosperidade, porém, é fundamental para a nossa economia como um todo, porque a sua fundação é construída sobre o consumo, a fraude, crédito e débito. O próprio sistema bancário foi projetado de cima para baixo para criar riqueza ilimitada para alguns enquanto tributam até a eternidade o resto de nós.

 
A verdadeira prosperidade é um ambiente vibrante e uma abundância de saúde, felicidade, amor e relacionamentos. Cada vez mais as pessoas tem a percepção dos bens materiais como forma de auto identificação nesta cultura, causando um deslizamento cada vez mais longe da experiência da verdadeira prosperidade.






 
3. A ilusão da Escolha e da Liberdade
 
Leia nas entrelinhas e olhe para as letras miúdas, não somos livres, de nenhum jeito nem por nenhum padrão inteligente. A liberdade é sobre ter escolha, mas no mundo de hoje, a escolha passou a significar uma seleção entre as opções disponíveis, sempre de dentro dos confins de um sistema jurídico e fiscal corrupto, e dentro dos limites das normas culturalmente aceites e aplicadas.

 
Não olhemos mais longe do que a falsa instituição da Democracia moderna para encontrar um exemplo brilhante de falsas opções que aparentam ser reais. Em muitos países incluindo os EUA, dois enraizados, corruptos e arcaicos partidos políticos se exibem como sendo o orgulho e esperança da nação, no entanto vozes de terceiros e de independentes são intencionalmente bloqueadas, ridicularizadas e apagadas.

 
A ilusão de Escolha e Liberdade é um poderoso opressor pois nos engana e faz aceitar correntes e trelas curtas, como se fossem essas as características de Liberdade.
Múltipla escolha é diferente do que Liberdade, é servidão fácil.





 
 
4. A Ilusão da Verdade
 
A Verdade tornou-se um assunto delicado na nossa cultura, e nós temos sido programados para acreditar que 'a' verdade vem dos Semi-Deuses da “mídia”, Celebridades e do Governo. Se a TV declara algo como verdade, então nós somos considerados hereges se acreditarmos no contrário. Mente inquisitiva, uso da duvida metódica ou pensamento crítico não podem ser exercidos, fazendo aqueles poucos que questionam o sistema caírem no ostracismo e serem alvos de escarnio da sociedade.

 
A fim de manter a ordem, os poderes vigentes dependem da nossa aquiescência à sua versão da verdade. Enquanto um punhado de pensadores e jornalistas independentes abrem continuamente buracos nas versões oficiais da realidade, a ilusão da verdade é tão poderosa que é preciso uma revolta pessoal séria para evitar a dissonância cognitiva necessária para funcionar numa sociedade que persegue abertamente falsas realidades.






  
5. A Ilusão do Tempo
 
Diz-se que tempo é dinheiro, mas isso é uma inverdade. O tempo é a nossa vida. A nossa vida é uma constante evolução da manifestação do presente. Olhando para além do mundo dos cinco sentidos onde fomos treinados para nos movermos de acordo com o relógio e calendário, descobrimos que o espírito é eterno, e que cada alma individual é parte desta eternidade.

 
A grande enganação aqui, é o reforço da ideia de que o momento actual é de pouco ou nenhum valor, que o passado é algo que não podemos desfazer ou esquecer, e que o futuro é intrinsecamente mais importante do que o passado e o presente. Isto leva a nossa atenção para longe do que na verdade está acontecendo no presente e direciona-a para o futuro. Uma vez completamente focados no que está por vir e não o que é, somos presa fácil para os anunciantes e arautos do medo, que turvam nossa visão do futuro com todas as preocupações possíveis e imagináveis. Assim nos condicionam por exemplo a amar ou odiar colectivamente certos grupos de pessoas, raças, religiões e muito mais.

 
Somos mais felizes quando a vida não nos empacota ou aprisiona e quando a espontaneidade e aleatoriedade nos dá a chance de descobrir mais sobre nós mesmos. Desistindo do momento presente, a fim de fantasiar sobre o futuro é uma armadilha. Os imensos e intemporais momentos de alegria espiritual encontrados na meditação silenciosa são a prova de que o tempo é uma construção da mente do homem, e não necessariamente obrigatória para a experiência humana.

 
Se tempo é dinheiro, então a vida poderia ser medida em dólares ou euros. Quando esse dinheiro baixa de valor, assim também seria a vida. Este é o engano total, porque a vida é, na verdade, absolutamente valiosa e sem preço.




 
 
6. A ilusão de Singularidade
 
A nível estratégico, a tática de dividir para conquistar ou reinar é um procedimento operacional padrão para os autoritários e exércitos invasores, mas a ilusão de singularidade é ainda mais profunda do que isso.

 
Estamos programados para acreditar que, como indivíduos estamos sempre em concorrência ou competindo com tudo e todos ao nosso redor, incluindo os nossos vizinhos e até mesmo a natureza. Nós contra eles até ao extremo, até o fim. Isso claramente nega a verdade de que a vida neste planeta é infinitamente inter-ligada. Sem ar limpo, água limpa, solo saudável, e um sentido global vibrante de comunidade não podemos sobreviver aqui.
Enquanto a ilusão de singularidade nos conforta satisfazendo-nos o ego e oferecendo uma sensação de controle, na realidade, só serve para nos escravizar e nos isolar.


 
Conclusão
 
Estas ilusões aqui mencionadas foram encenadas a nossa frente como campanha para incentivar a aquiescência cega às maquinações dos senhores da Matrix. Na tentativa de nos desautorizar, eles exigem a nossa conformidade e obediência, mas não podemos esquecer que tudo isso é apenas uma elaborada proposta de vendedor. Eles não podem vender aquilo que não estivermos interessados em comprar.





Texto enviado pelo anónimo JDL 



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Socrates: o abuso da prisão preventiva

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A Lei é clara sobre as razões que podem determinar a prisão preventiva: continuação da actividade criminosa, perigo de fuga, perturbação das investigações.


No Caso de José Socrates nada disto existe: entrou em Portugal (quando já sabia das acusações) não ia a sair, dificilmente poderá continuar a actividade criminosa e não irá perturbar as investigações dado que a sua casa e computadores estão nas mãos da justiça.




A fugas de informação essas sim são crime, contra a justiça, mas também sobre o detido.


A detenção em prisão preventiva para interrogatório, tão frequente em Portugal, é ilegal, mas continua a fazer-se. Existem em Portugal cerca de 20% dos presos em prisão preventiva.


A prisão preventiva, que por definição é aplicada a alguém que se presume inocente, devia ser, de acordo com os princípios gerais do Direito, uma medida absolutamente excepcional. Até porque um preso preventivo tem exactamente o mesmo tratamento que um preso comum.


Esta situação torna-se particularmente absurda quando se tem consciência de que muitos dos presos preventivos não podem ter acesso a uma defesa competente pela simples razão de que a defesa não tem sequer acesso ao processo.


E isto é possível acontecer porque, em Portugal, é-se preso sem sequer ter sido formulada uma acusação. Ora, se nem sequer acusação há, a que pretexto é que o advogado de defesa se tem preocupar em conhecer o processo? Se não há acusação, nem precisa de se defender.



Como escreve Francisco Louçã: "o caso José Sócrates é especial. Desde que foi convidado pela anterior direcção de informação da RTP para comentador, Sócrates assumiu a sua defesa, a sua “narrativa”, contra a narrativa do actual governo de direita. Embora o ódio a Sócrates prevalece-se, a sua mensagem ia passando todos os domingos."


"Uma mensagem incómoda para o governo, contrastando com o comentário de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Uma vez iniciada a campanha eleitoral, ou pré-campanha, com a eleição de António Costa para a liderança do PS, a direita de Passos Coelho, Portas e Cavaco não podia permitir que a mensagem de Sócrates continuasse a passar".


"Só que a regra tem que proteger sempre o bem maior, que é a liberdade, e então tem que limitar o risco do arbítrio do Estado, o poder de tirar a liberdade, que fica todo na mão dos acusadores".


"Por isso, a prisão preventiva só se justifica, segundo a lei, em condições excepcionais (o sujeito foi apanhado em flagrante delito e pode prosseguir a sua actividade criminosa, ou pode fugir) e tem mesmo de ser explicitamente justificada, sendo a decisão recorrível, para ser controlada por outras instâncias judiciais e não ficar entregue a uma só pessoa. Palavras certas da lei, mas não batem certo com o que se vive nas prisões".


"Sócrates tem um dever especial perante Portugal, porque foi primeiro-ministro. As acusações que se insinuam sobre a sua conduta são por isso gravíssimas. Mais uma razão para que a justiça funcione de modo a que o seu próprio procedimento não se torne um problema para Portugal. Façam já a acusação e comece o julgamento".





 

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